quinta-feira, 6 de maio de 2010

Indústria de TVs tem prejuízo


Indústria de TVs tem prejuízo de quase
R$ 1 bi com falta de matéria-prima

Indústria de TVs tem prejuízo de quase
R$ 1 bi com falta de matéria-prima
Copa do Mundo e consumidor em busca de nova tecnologia fizeram setor ampliar produção

Foto por Justin Sullivan/15.04.2009/Getty Images
Fábricas de TVs estimam prejuízo de quase R$ 1 bi com falta de matéria-prima


A indústria de TVs deixou de faturar R$ 898,5 milhões nas últimas dez semanas por causa do atraso na entrega de componentes importados usados para a fabricação do aparelho. A estimativa é do Sindicato da Indústria de Eletrônicos de Manaus, que aponta a busca pelas tecnologias LED, plasma e LCD e a Copa do Mundo como os causadores do aumento da procura pelo aparelho.

De acordo com a entidade, só no primeiro trimestre deste ano, as encomendas às fábricas aumentaram 35% em relação ao mesmo período de 2009.

Sem os componentes eletrônicos comprados de outros países, o brasileiro corre sério risco de assistir à Copa do Mundo na velha TV de tubo. Para Wilson Périco, presidente do sindicato, o problema pode comprometer as metas do setor para 2010.

- Neste ano, devemos produzir cerca de 11 milhões de TVs [alta de quase 20% em relação a 2009], mas o atraso na liberação de matéria-prima pode prejudicar essa meta. A linha de produção de alguns modelos está parada por falta de equipamento. Como já entramos na 11ª semana com esse problema, estimo um prejuízo de R$ 898,5 milhões (US$ 500 milhões) para o setor.

A matéria-prima para a produção das TVs está empilhada sob tendas improvisadas e disputa espaço com as aeronaves na pista do aeroporto de Manaus. Com o bom momento da economia brasileira, a indústria ampliou a compra de equipamentos, mas o aeroporto de Manaus não estava preparado para suportar tamanha alta do movimento – cerca de 200% maior que em 2009.

Périco aponta a falta de planejamento em infraestrutura da Infraero (estatal que administra os aeroportos brasileiros) como causa do problema.

- Não fizeram os investimentos necessários nos últimos dois ou três anos. Tivemos uma reunião com a Infraero em Brasília, na qual eles disseram que a indústria não tinha avisado que a demanda ia crescer tanto. Essa é a primeira vez que eu ouço que o crescimento econômico é o culpado [por impedir a produção industrial].

Manaus concentra praticamente toda a produção de TVs vendidas no Brasil. Segundo o sindicato, só nos dois primeiros meses de 2010, a indústria comercializou cerca de 1,1 milhão de TVs – a maior parte delas de LCD, plasma e LED. Uma TV produzida em Manaus demora pelo menos 15 dias para chegar aos principais centros consumidores do país “porque os aparelhos vão de balsa até Belém e só depois vão de caminhão”.

As grandes redes informaram ao R7 que ainda não sofrem desabastecimento de TVs, mas a hipótese não está descartada. Em nota, o Walmart informou que "o risco existe" e que "caso a situação [da indústria] não se normalize, a oferta pode ser prejudicada nos meses de junho e julho". Já o Grupo Pão de Açúcar, dono das redes Extra e Ponto Frio, informou que estima vendar 110% mais TVs nos primeiros seis meses deste ano em relação a 2009. O Carrefour afirmou que, com o apelo da Copa do Mundo, superou 35% a meta inicial de vendas de TV no mês de abril.

Aeroporto cheio
Por meio de nota, a Infraero esclarece que a situação do aeroporto de Manaus é “atípica” para o primeiro quadrimestre deste ano, com alta de mais de 220% no volume de cargas de importação. O crescimento dos negócios “surpreendeu a todos”, informa a estatal.
- Foram desembarcadas em 2010, 24.814 toneladas contra 7.613 toneladas em relação a 2009. Cabe ressaltar que, somente no mês de abril de 2010, foi registrado um crescimento de 257% em relação ao mesmo período do ano anterior com a chegada de 8.403 toneladas contra 2.393 toneladas recebidas no mesmo mês de 2009.
A Infraero diz que já contratou 71 funcionários para se juntar aos 349 do terminal, e este mês deve chamar outros 114 colaboradores.
Além disso, a empresa registra que tem atuado em parceria com a Receita Federal e outras agências reguladoras para “minimizar os impactos operacionais” decorrentes de atrasos e falta de mão de obra para liberar os produtos. Entre as ações estão, inclusive, a contratação de mais empilhadeiras para o setor de cargas do aeroporto.

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